domingo, 8 de agosto de 2010

O frango com quiabo

 

Hoje, num cochilo de fim de tarde, fui acordado pelo telefone tocando. Por algum motivo, eu remeto toques telefônicos a urgências, e acabo me desesperando pra atender. "Número confidencial". Bom, já acordei mesmo, vamos atender...

Um homem do outro lado da linha falou muito rápido e embolado, precisei pedir pra repetir uma meia dúzia de vezes. Era um daqueles mineiros, bem jagunções, lá do interior. Por fim, ele perguntou "É o Simão, quem tá falando?". Era engano.

Quando sou acordado desse jeito, minha tendência é ser grosso, dizer que é engano e desligar na cara da pessoa. Mas, por algum motivo, eu continuei na linha...

– Não é Simão, do Ceasa?
– Não, companheiro. É engano.
– Não é Simão mesmo, que me vendeu quiabo?
– Não, amigo, é engano... – Já um pouco mais ríspido na voz
– Ah, poxa... Que pena, né?
– Infelizmente, amigo.

Silêncio...

– Eu queria meu quiabo. Você não tem como comprar? – Não me pergunte de onde ele tirou essa!
– Não sei nem onde comprar agora, companheiro!
– Mas e agora, o quê eu vou colocar no frango?!
– É, vai ter que comer o frango sozinho, agora...
– Mas agora a vaca foi pro brejo... Perdi meu quiabo...
– Uma pena...
– OK, tudo bem... – E desligou.

Uma vez eu aprendi que nada na nossa vida acontece por acaso. Despertei, comentei o caso no twitter e vi um post do Papo de Homem. Li, comentei, e comecei a refletir sobre essa ligação por engano. Lembrei do desespero, antes engraçado, do homem em tentar achar o quiabo do seu frango, e imaginei um homem determinado em fazer um jantar caprichado pra esposa e filhos. "Esse cara deve ser pai", pensei. E lembrei do meu...

É uma pena que meu telefone registrou "número confidencial". Esse senhor acabou perdendo um voto de feliz Dia dos Pais...

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